quarta-feira, 18 de novembro de 2009

tive medo!
abandonei meus cadernos / rascunhos mofados / que vida era aquela? // uma sombra conduzia meus pés / a se enfiarem pelas mãos / elas que se manchavam de letras / escorrendo pelo corpo / entranhando sensações // não aguentei! / inventei amanheceres / desconheci escuridões / gelei sangue / e sanguessuga / coagulei instintos // se fosse valer a pena / eu teria escrito quase todos / penso até que imitaria alguns / sou heterônimo das rubricas / enlouquecidas de devassidão / em vigílias de devastidão / terra arrasada // sem preâmbulos e nem posfácios / pois seriam por demais explicadores /subverto-me / jogo-me em outras vidas / não escrevo mais / deixo que acreditem / desprezo qualquer desespero / e tudo isto / é pura leitura de entretenimento

in, CONVERSA PROIBIDA, de Sérgio Gerônimo & Flávio Dórea , 2009
Sérgio Gerônimo no evento Terça ConVerso no Café, Teatro Glaucio Gill, Copacabana, Rio/RJ, coordenação do Grupo Poesia Simplesmente

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