Conversa proibida é o cruzamento de muitas coisas que, em outras épocas, se separavam ou se contradiziam, mas que, na correnteza do nosso tempo, se entrefecundam. É, por exemplo, um livro de poesia escrito a quatro mãos: coisa rara ainda hoje. Ele se encontra entre a poesia lírica e a poesia dramática: poesia lírica no ponto da ebulição dramática, poesia dramática no ponto da contemplação lírica. E se, desse modo, os gêneros literários se confundem e redefinem, isso ocorre, não por mero exercício estilístico, mas como parte da descoberta e da celebração da matéria poética da vida contemporânea, cujos gêneros também se confundem e redefinem num turbilhão de desejo e criação, nylons e néons, livros antigos e celulares perdidos, língua e tesão, quartos sujos de motéis baratos e saltos altos, rimbauds e abismos, jogo e poesia. Vale a pena deter-se nas esquinas verticais desse livro vital e belo.
Antonio Cicero
se quiseres transar comigo / tens que ser profano / não escolho sexo / apenas que use teu corpo / frente e verso / o sexo dos anjos / os movimentos nossos / dança celestial / banhada em hóstia e vinho / o toque / só com os olhos / o ato, seu cheiro / já ouço até as trombetas / beatificando nosso ritual / e ao final absinto, rimbaud e abismo
in Conversa proibida, Sérgio Gerônimo & Flávio Dórea
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Delícia de texto!!!!!!
ResponderExcluirAmei desde a primeira vez que o escutei.
Parabéns.
bjs
Anna
"Alma Rosa"