segunda-feira, 9 de novembro de 2009

CONVERSA PROIBIDA 2

poemanocio


poemanocio
pronuncio assim:
o poema não me é fiel
na madrugada de sons abafados
palavras disputam palavras
torrentes de fonemas reticentes
rasgo folhas, respiro letras
reescrevo o texto
(ele nunca será meu)
sinto falta dele (o anterior)
mas...
meu poema tem pernas – ventosas
sugam ouvidos incautos
e nem se dá conta
que nas sombras dos momentos
(longe da minha escrita)
sua alma pode me corromper
rapidamente amasso o rascunho
eu permito tudo
ele se entrega
que os leitores se deleitem
com os comos e porquês sugeridos
quantos mais possuí-lo
melhor
que seja sempre essa a leitura
permissível a todos
a fidelidade dele está em sua página imaculada
nem sempre branda a minha é inventá-lo
somos leais e cúmplices do nosso destino
ele: vagar em prateleiras e mãos
eu: paternidade de versos
de pretensa maneira
poeiras
em total esquecimento

Sérgio Gerônimo & Flávio Dórea, in CONVERSA PROIBIDA

Um comentário:

  1. Perfeccionístas? Não! Poetas Atores, Artistas!
    Amei todos, tudo e tantos poemas! Perfeito! beijos... LirÓ CarneirO

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