quisera, mas como quisera ser o atol de seus olhos
com tato - il. by Mozart Carvalho
sem cio silencio
Coxas de Cetim
Sérgio Gerônimo, in COXAS DE CETIM, Oficina editores, Rio, RJ, 2010, 2ª EDIÇÃO
sugo tua nuca seca
subo nas tuas ancas santas
sumo nas tuas coxas
desarrumo todas as colchas
de cetim
mas, de certo, só o deserto
da cama
e a escama saída
da minha marota manobra
que se amarrota na mesma
rota-peixe
e sinta...
e deixe...
o sulco na tua nuca
que desarruma tuas ancas luciferanas
não mais secas as colchas
sumo, uma vez mais, nas tuas coxas
de cetim
POEMANOCIO
pronuncio assim:
o poema não me é fiel
na madrugada de sons abafados
palavras disputam palavras
torrentes de fonemas reticentes
rasgo folhas, respiro letras
reescrevo o texto
(ele nunca será meu)
sinto falta dele (o anterior)
mas...
meu poema tem pernas – ventosas
sugam ouvidos incautos
e nem se dá conta
que nas sombras dos momentos
(longe da minha escrita)
sua alma pode me corromper
rapidamente amasso o rascunho
eu permito tudo
ele se entrega
que os leitores se deleitem
com os comos e porquês sugeridos
quantos mais possuí-lo
melhor
que seja sempre essa a leitura
permissível a todos
a fidelidade dele está em sua página imaculada
nem sempre branda a minha é inventá-lo
somos leais e cúmplices do nosso destino
ele: vagar em prateleiras e mãos
eu: paternidade de versos
de pretensa maneira
poeiras
em total esquecimento
Sérgio Gerônimo & Flávio Dórea, in CONVERSA PROIBIDA, Oficina, 2009
bookshelves
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro
book
a feeling
será o infinito?
de peito aberto sim
ontem fui rainha
alterego
minhas mãos tragam no aperto minha nuca
Sheyla de Castilho, Sérgio Gerônimo e Barbara-Ella (a original)
olham-me às vezes interrogativos questionando-me as rebeldias mas, sempre solícitos olham-me às vezes pensativos imaginando-me tirano mas, sempre solícitos olham-me às vezes autoritários impondo-me sugestões mas, sempre solícitos olham-me às vezes libertinos libertando-me os prazeres mas, sempre solícitos olham-me às vezes inquietos pressupondo-me farto mas, sempre solícitos olham-me como siameses castiçais esses seios filigranas sentinelas do nirvana alertas e desejosos avisando-me venturas olham-me como delicados sinos esses seios despidos avisando-me toques esculpidos pois sabem ser deveras solícitos
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