A estação ferroviária do méier ainda dormia
quando maria colombina
do alto de seus um metro e oitenta
mais dez de tamanco gritou
berrou lá de cima da ponte
ontem fui rainha
ontem fui rainha
naquela madrugada de cinzas
maria colombina olhos encerados
rímel des-ri-ti-ma-do
serpentinou umas cervas
e como fetiche repartiu-se
em confetes para gregos e gregórios
ontem fui rainha
ontem fui rainha
do meio da praça com duas lâmpadas bêbadas
o coreto bocejou e praguejou um coco de pombo
no tombo pela escadaria degraus abaixo
daquele monumento mais do que carnalvalesco
e vejam só a alça do tubinho apertadinho
esticado silicone fio-de-aço
não agüentou o amasso
e mostrou todo aquele corpinho passista
ora, ora, qual o quê!
mary columbus para os gringos
ajeitou os brincos de estrasse
rodopiou numa ginga capoeira
e se foi pela rua dias da cruz
ontem eu fui rainha
ontem eu fui rainha
um bonde parado no tempo a tudo assistia
e joão nogueira cantava:
“você sabe, eu sou do méier...”
Sérgio Gerônimo, in CÓDIGO DE BARRAS, Oficina, Rio/RJ, 2007
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
Assinar:
Postagens (Atom)