sábado, 10 de julho de 2010

atol

meus arrecifes à tona
transparecem marés revoltas

quisera, como quisera, ser lagoa tépida
mansa e pensativa
calmaria de tuas areias quentes
umedecendo de vagas rasas
tua vontade de arquipélagos

moluscos meus músculos à tona
sinalizam caranguejos instintos

quisera, como quisera, ser estrela do mar
andarilha e pretensiosa
navegante de tuas oceânicas ondas
chicoteando com densas espumas
tua vontade de arquipélagos


quisera, como quisera, ser o atol de teus olhos
resplendentes e puro reflexo
acariciando minhas falésias-costas
a encontrar em meus pontos extremos
tua vontade de arquipélagos

pois meus arrecifes estão à tona
transparecendo marés revoltas
quisera, mas como quisera, ser o atol
de teus olhos

Sérgio Gerônimo, in COXAS DE CETIM, OFICINA Editores, 2010, 2ª edição